Acidente de avião com 75 mortos completou 30 anos. Adolescente assumiu controle por 3 min, erro de configuração da cabine.
Você embarcaria em um avião comandado por um jovem de 15 anos sem experiência? É provável que os 63 passageiros do voo Aeroflot 593 também não o fariam, assim como a maioria dos 12 tripulantes presentes. Um acidente aéreo pode ser devastador e causar consequências irreparáveis.
Infelizmente, quando um acidente acontece, seja por falha humana ou mecânica, pode se transformar em uma verdadeira tragédia. A prevenção de incidentes é fundamental para evitar desastres e preservar vidas. A segurança em voos é crucial para garantir a tranquilidade dos passageiros e tripulantes, evitando assim possíveis consequências catastróficas.
Acidente Aéreo: A Tragédia do Voo Aeroflot 593
E, no entanto, o jovem Eldar estava sentado no banco do comandante quando uma sequência de erros —em pouco mais de três minutos— fez o avião cair, matando todos a bordo. A tragédia, incidente que ocorreu há 30 anos, na Rússia, é uma das mais estranhas –e evitáveis– da aviação mundial. A história mostra como até acidentes causados por erros flagrantes servem para melhorar processos no setor. Com base no relatório final da investigação do acidente, foi possível reconstituir o que houve a bordo.
O voo Aeroflot 593 partiu na noite de 22 de março de 1994 do aeroporto internacional de Sheremetyevo, em Moscou, com destino ao aeroporto de Kai Tak em Hong Kong. O modelo utilizado para a rota era um Airbus A310, ‘um ótimo avião’, segundo Jorge Leal Medeiros, piloto, engenheiro aeronáutico e professor da Escola Politécnica da USP. Ele mesmo já chegou a atuar como engenheiro de operações de voo de um modelo semelhante, o A300. Muito popular na época, o A310 era um dos mais modernos da Aeroflot, cuja maior parte da frota era composta por equipamentos produzidos pela União Soviética. O modelo é capaz de transportar até 240 pessoas, dependendo da configuração de cabine, e fazer voos de longa distância. Hoje, quase não é mais usado; segundo o site Simple Flying, apenas duas companhias aéreas do Irã e uma do Afeganistão seguem voando com esse modelo.
Na rota para Hong Kong, prevista para durar quase 14 horas, três pilotos seriam responsáveis pelo voo. Todos eles tinham experiência no modelo e se revezariam, para não ultrapassar o limite de jornada de trabalho. A aeronave não apresentou nenhum tipo de problema e seguiu em voo de cruzeiro, durante a madrugada, quando o comandante Andrei Danilov foi descansar na primeira classe e cedeu seu lugar para Yaroslav Vladimirovich Kudrinsky, que assumiria o lugar de piloto na cabine de comando. Cinco pessoas na cabine Havia um terceiro piloto da Aeroflot na cabine de comando, que estava viajando como passageiro e pediu para o comandante para acompanhar o voo do ‘jump seat’, um assento retrátil que fica atrás dos bancos de piloto e copiloto. Pouco após assumir os controles, Kudrinsky convidou mais duas pessoas para acessar a cabine de comando: os seus próprios filhos, Yana e Eldar, que estavam acompanhando o pai em um voo internacional pela primeira vez. ‘É importante notar que, naquela época, a cabine de comando não era considerada um ambiente estéril’, aponta Medeiros. ‘Era muito comum qualquer passageiro pedir para visitar o local. Eu mesmo já fiz isso quando era estudante, nos anos 70.’ O conceito de esterilidade da cabine –tornar o local um ambiente praticamente isolado do resto da aeronave– só se tornou regra após os atentados de 11 de setembro de 2001. Naquela ocasião, terroristas sequestraram aviões, invadiram as cabines com facilidade e assumiram o controle das aeronaves, forçando uma revisão de todos os processos de segurança do setor. Num primeiro olhar, a presença de familiares na cabine poderia parecer inofensiva, mas, na verdade, foi o início de uma sequência de erros que culminou no trágico acidente do voo Aeroflot 593. A investigação detalhada do incidente revelou que a presença dos filhos do piloto na cabine distraiu Kudrinsky, levando-o a cometer erros fatais no controle da aeronave. O relatório final apontou que a falta de atenção do piloto resultou em uma série de ações equivocadas que levaram à perda de controle do avião e, consequentemente, à queda fatal. O acidente do voo Aeroflot 593 serviu como um alerta para a importância da segurança e da concentração absoluta durante os voos. A tragédia, que poderia ter sido evitada, deixou um legado de aprendizado para toda a indústria da aviação, reforçando a necessidade de protocolos rígidos e procedimentos claros para garantir a segurança de todos a bordo. A memória das vítimas do acidente permanece viva como um lembrete constante da importância de aprender com os erros do passado e de nunca subestimar os riscos envolvidos na aviação.
Fonte: © G1 – Globo Mundo
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