Fosfoetanolamina sintética não tem benefícios comprovados, alerta sobre riscos de uso em tratamentos convencionais, propagandas enganosas.
Responsável por uma onda de desinformação em saúde nos idos de 2015, quando os supostos benefícios da ‘pílula do câncer’ foram alardeados, a fosfoetanolamina sintética ressurgiu em divulgações na internet e fez com a que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) soltasse um alerta nesta terça-feira, 23, para avisar que a substância não tem registro para uso no Brasil e não pode ser comercializada como medicamento nem como suplemento. A pílula do câncer, mesmo sendo alvo de muitas polêmicas, continua sendo tema de debates e pesquisas na área da saúde.
Em meio a tantas controvérsias, é importante ressaltar que a utilização de medicamento experimental ou substância não autorizada pode trazer sérios riscos à saúde. A fosfoetanolamina sintética, conhecida como a ‘pílula do câncer’, ainda carece de estudos conclusivos para comprovar sua eficácia e segurança. Portanto, é fundamental que as pessoas busquem orientação médica adequada antes de considerar o uso de fosfoetanolamina ou qualquer outra substância sem respaldo científico.
Alerta sobre o uso de substâncias não autorizadas no tratamento do câncer
Em comunicado, a agência ressaltou os possíveis riscos associados ao uso de medicamentos experimentais, como a fosfoetanolamina, em pacientes com câncer. A Anvisa enfatizou a importância de evitar o uso de substâncias não registradas, especialmente em uma condição tão séria que requer abordagens seguras e comprovadamente eficazes. É crucial que os pacientes não interrompam os tratamentos convencionais para adotar terapias não autorizadas, cujos benefícios alardeados podem ser enganosos.
A agência alertou que tais produtos podem não apenas interferir negativamente nos tratamentos convencionais, mas também apresentar riscos de contaminação. O uso de substâncias não aprovadas, como a fosfoetanolamina, pode trazer consequências prejudiciais à saúde dos pacientes, mesmo diante das propagandas enganosas que circulam nas redes sociais, prometendo benefícios da ‘pílula do câncer’ no combate aos tumores.
Embora algumas pesquisas já tenham demonstrado que a substância não oferece benefícios significativos no tratamento da doença, ainda há quem busque por essa opção não autorizada. A fosfoetanolamina, por não possuir registro para uso como medicamento ou suplemento alimentar, figura na lista de Exclusão de Produtos Irregulares da Internet (Epinet), onde já foram registrados 57 incidentes relacionados ao produto.
A Anvisa informou que a taxa de sucesso na remoção da ‘pílula do câncer’ do mercado virtual é de 97,73%, evidenciando a persistência de sua presença online. Mesmo assim, é possível encontrar opções das cápsulas em sites com preços que variam entre R$ 259 e R$ 659,99. Alguns desses sites, inclusive, fazem referência ao nome do falecido professor Gilberto Chierice, criador da fórmula, e estão hospedados em domínios estrangeiros, embora estejam em português.
Contexto da ‘pílula do câncer’ e sua trajetória controversa
O químico Gilberto Orivaldo Chierice, que desenvolveu estudos com a fosfoetanolamina a partir dos anos 1990, viu sua substância ganhar notoriedade nacional em 2015. O aumento da procura pela substância em 2014 levou a debates sobre sua eficácia e segurança, especialmente após a proibição de sua produção sem registro nos laboratórios da USP.
A comoção gerada entre os pacientes em busca de alternativas para o tratamento do câncer resultou em pressões nas redes sociais e no meio político. Em 2015, o assunto foi discutido no Senado, e um grupo de trabalho foi formado no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação para avaliar a fosfoetanolamina.
Embora tenha sido investigada no Instituto do Câncer de São Paulo, o estudo foi interrompido devido à falta de evidências que comprovassem sua eficácia. Mesmo assim, sob pressão popular e política, a substância foi temporariamente aprovada como droga anticâncer em abril de 2016. No entanto, a lei que respaldava seu uso foi suspensa no mês seguinte pelo Superior Tribunal Federal, encerrando temporariamente a controvérsia em torno da ‘pílula do câncer’.
Fonte: @ Veja Abril
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