Pesquisa brasileira revela que exame do SUS pode antecipar diagnóstico da doença em até dez anos em relação ao papanicolau, graças à tecnologia de monitoramento de tipos de HPV e lesões pré-cancerosas, com resultados promissores.
Um estudo inovador realizado por médicos do Hospital da Mulher Prof. Dr. José Aristodemo Pinotti (Caism) da Unicamp revelou que o teste de DNA-HPV, recentemente incorporado ao Sistema Único de Saúde (SUS), pode revolucionar a prevenção do câncer de colo do útero no Brasil, permitindo uma detecção precoce e eficaz da doença.
Com a implementação desse teste, os médicos esperam reduzir significativamente o número de casos de câncer de colo do útero, uma doença maligna que pode ser causada pelo desenvolvimento de um tumor ou neoplasia no colo do útero. Além disso, o teste de DNA-HPV também pode ajudar a identificar mulheres que estão em risco de desenvolver a doença, permitindo uma intervenção precoce e eficaz. A detecção precoce é fundamental para o tratamento eficaz do câncer. Com essa nova ferramenta, os médicos podem trabalhar para reduzir a incidência de câncer de colo do útero no Brasil.
Avanços na Detecção do Câncer
Uma pesquisa inovadora realizada em Indaiatuba, no interior de São Paulo, revelou que uma nova tecnologia de monitoramento pode identificar lesões pré-cancerosas e cânceres até dez anos antes do exame de papanicolau, método tradicional de rastreio. Essa tecnologia, quando integrada a um programa de monitoramento, pode detectar a presença de tipos de HPV de alto risco que podem causar câncer, como o HPV-16 e HPV-18. Além disso, ela é mais precisa que o papanicolau, pois identifica o vírus que pode levar ao câncer antes mesmo de surgirem alterações celulares visíveis.
Resultados Promissores
A pesquisa, que examinou 20.551 mulheres ao longo de cinco anos, mostrou que o teste de DNA-HPV foi quatro vezes mais eficaz na detecção de lesões pré-cancerosas comparado ao papanicolau. Além disso, 258 lesões precursoras de alto grau e 29 casos de câncer foram detectados. É importante notar que 83% dos cânceres identificados estavam no estágio inicial (Estágio I), quando as chances de cura são muito maiores e o tratamento é mais simples. O teste de DNA-HPV também mostrou maior eficiência ao detectar câncer em mulheres mais jovens, com uma idade média de 41,4 anos, em comparação aos 52 anos observados no método tradicional.
Impacto na Saúde Pública
Além dos benefícios em termos de saúde, o estudo sugere que o uso do teste de DNA-HPV pode ser mais econômico para o sistema público de saúde a longo prazo. Embora o custo inicial do exame seja maior que o do papanicolau, a detecção precoce do câncer reduz a necessidade de tratamentos mais caros e agressivos, como quimioterapia e radioterapia, que são usados em casos mais avançados da doença maligna. A taxa de cobertura do teste foi de 58,7%, chegando a 77,8% quando se desconsideram os meses mais críticos da pandemia de covid-19.
Implementação Nacional
Em março de 2024, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) aprovou o uso do teste de HPV no SUS. O exame deve estar disponível em todo o país nos próximos meses, começando pelas regiões com melhor infraestrutura. Com a implementação nacional do teste, os pesquisadores estimam que o número de mortes por câncer de colo do útero, atualmente em cerca de 468 por mês, pode ser reduzido drasticamente. O estudo de Indaiatuba também está sendo replicado em outras regiões, como Recife, para avaliar a eficácia em populações maiores.
Fonte: @ Veja Abril
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