Desigualdade social precede colapso civilizacional, aponta maior estudo sobre envelhecimento das sociedades.
As civilizações humanas de fato se tornam mais vulneráveis com o decorrer dos anos? Imagem: Getty Images / BBC News Brasil A ascensão e a queda dos grandes impérios são um tema recorrente na história. É frequente a concepção de que as civilizações, os Estados e as sociedades se desenvolvem e eventualmente entram em declínio. No entanto, será isso realmente verídico?
Essa questão intriga estudiosos e historiadores há séculos, levando a debates acalorados sobre o destino das civilizações e das sociedades. A análise das dinâmicas políticas, econômicas e culturais ao longo do tempo revela padrões interessantes sobre a evolução das civilizações e a formação dos Estados. É fascinante observar como diferentes fatores influenciam o curso da história e moldam o destino das civilizações ao longo dos séculos.
Estudo sobre a Queda das Civilizações e Estados
Notícias recentes revelam a descoberta do buraco azul mais profundo do mundo, superando em tamanho o Empire State. Além disso, cavernas impressionantes foram abertas pelo derretimento no maior iceberg do mundo, que corre o risco de desaparecer em breve. Cientistas identificaram um ‘ajuste genético’ que explica a presença de caudas em macacos, enquanto os humanos não as possuem.
Somos um grupo multidisciplinar composto por arqueólogos, historiadores e cientistas da complexidade. Decidimos investigar a veracidade da ideia de envelhecimento das civilizações e Estados. Realizamos um extenso estudo para analisar se o declínio das sociedades pode ser observado nos registros históricos. Nossos resultados foram publicados na renomada revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences.
A pesquisa sugere que as civilizações e Estados realmente envelhecem, aumentando gradualmente sua propensão à extinção ao longo do tempo. Essa descoberta levanta questões importantes para os dias atuais. Afinal, os Estados são entidades mortais, sujeitas ao curso do tempo e às pressões internas e externas.
Definir civilizações e sociedades é uma tarefa complexa e desafiadora. O termo ‘civilizações’ carrega consigo uma carga histórica significativa, o que nos levou a focar em Estados pré-modernos – estruturas centralizadas que exercem controle sobre um território e sua população. Essa definição se assemelha aos Estados-nações contemporâneos, como os Estados Unidos e a China.
Utilizamos uma abordagem estatística em dois bancos de dados distintos. Criamos o banco de dados Moros, em homenagem ao deus grego do destino, que inclui 324 Estados ao longo de aproximadamente 3 mil anos, de 2000 a.C. a 1800 d.C. Essas informações foram compiladas a partir de diversas fontes, incluindo enciclopédias de impérios e registros históricos.
Além disso, utilizamos o banco de dados Sehat, um repositório online de informações históricas mantido por arqueólogos e historiadores, que engloba 291 unidades políticas. Ao longo do tempo, as vulnerabilidades das sociedades pré-modernas contribuíram para a perda de resiliência e o envelhecimento dos Estados.
Nossos estudos empregaram a técnica de ‘análise de sobrevivência’ para examinar a longevidade dos Estados. Observamos que o risco de extinção dos Estados aumentou nos primeiros séculos de existência, estabilizando-se em níveis elevados posteriormente. Essas descobertas corroboram análises anteriores e evidenciam a tendência de envelhecimento das civilizações ao longo da história.
Mesmo ao excluir as dinastias, que frequentemente têm vida curta devido a questões familiares, a tendência de envelhecimento dos Estados se mantém evidente. A análise de mais de 168 eventos de crises históricas reforça a importância de compreender a dinâmica da queda das grandes civilizações e Estados ao longo do tempo.
Fonte: @ Terra
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