“Em 2021, taxa de mortalidade materna dobrou em relação à tendência prévia da Covid-19, chegou a 110 mortes, um excesso de 39% em grávidas e puérperas. Cuidados pré-natais, parto e puerpério inadequados estabeleceram meta de redução. Fenômeno de 39% de diferença em serviço de saúde durante pandemia da Covid-19.”
A quantidade de mortes maternas mais que duplicou em 2021 em comparação com a tendência pré-pandemia da Covid, como evidenciado em uma pesquisa inédita da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), divulgada na Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil nesta segunda-feira (29).
O preocupante aumento da mortalidade materna ressalta a necessidade urgente de ações voltadas para a saúde das mães em todo o país. É fundamental implementar medidas eficazes para reduzir o número de mortes maternas e garantir uma maternidade mais segura para todas as mulheres. Essa é uma questão que demanda atenção e investimento contínuo.
O Impacto da Pandemia na Mortalidade Materna
O estudo analisou minuciosamente o aumento das mortes de mulheres grávidas e puérperas durante os anos de 2020 e 2021, comparando esses dados com a taxa de mortalidade materna e de mulheres não grávidas em idade fértil em anos anteriores. Utilizando informações do SIM (Sistema de Informações sobre Mortalidade) dos óbitos maternos entre 2015 e 2021, juntamente com dados do Sistema de Informações da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sipev-Gripe).
Em todos os cenários estudados, destacou-se um claro excesso de mortes entre as grávidas e puérperas, totalizando 3 mil mortes, mesmo considerando um aumento previsível devido à pandemia. Esse indicador evidenciou um crescimento de 39% na taxa de mortalidade geral ao longo desse período. O cálculo do excesso considerou a diferença entre os óbitos observados e os esperados para o ano de 2021.
O Excesso de Mortalidades Maternas e a Pandemia da Covid-19
Em um segundo cenário, foi identificado que o excesso de mortalidade materna foi 51,8% superior ao excedente de mortalidade geral, quando comparado com a tendência entre os anos de 2015 a 2019. A análise visou compreender os impactos da pandemia na mortalidade materna, visto como um importante indicador do progresso social.
No entanto, o excedente de mortalidade materna em 2021 em relação ao ano anterior foi de 57%, superando em 83,7% a mortalidade de mulheres não grávidas no mesmo período. A comparação clara com a mortalidade geral ressalta que as grávidas e puérperas foram mais afetadas pela Covid-19 do que a população em geral, e essa diferença aumentou à medida que a pandemia se agravou.
Desafios no Alcance das Metas de Redução da Mortalidade Materna
Os resultados apontaram que a Covid-19 foi responsável por 60% das mortes maternas em 2021, em contraste com os 19% registrados em 2020. Segundo o pesquisador Raphael Guimarães, a pandemia restringiu o acesso das mulheres aos cuidados pré-natais, durante o parto e pós-parto, fator que provavelmente influenciou nos cenários observados.
A mortalidade materna, relacionada às complicações durante a gravidez e até 42 dias após o parto, é um indicador crucial. A ONU estabeleceu a meta de reduzir a mortalidade materna globalmente para menos de 70 mortes a cada 100 mil nascidos vivos até 2030. Contudo, em 2021, o indicador atingiu 110 mortes maternas por 100 mil nascidos vivos no Brasil, um valor similar à década de 1980.
Os pesquisadores enfatizaram a relação direta entre a mortalidade materna e o acesso inadequado aos serviços de saúde, que enfrentaram sobrecarga durante a pandemia. Estudos anteriores ressaltam que gestantes com Covid enfrentam maiores riscos de complicações em comparação com aquelas sem a infecção, como a necessidade de ventilação e pneumonia.
Fonte: © TNH1
Comentários sobre este artigo