Disputa entre Globo, Record e SBT sobre mudanças no atual modelo de audiência medida, causou demissão do CEO do Ibope. Defensas por canais contra ilusão de assistência por meios digitais, retrospecto periódico contra streamings e celulares. Melissa Vogel saiu, resistência a novo modelo, Adriana dará continuidade. Mudanças tecnológicas, reunir-se em frente à TV, por exemplo, quanto um canal é assistido, mudanças, forte relacionamento.
A partida da CEO da Ibope, Melissa Vogel, anunciada nesta sexta-feira (3/5), representa outro capítulo de uma disputa entre a Kantar Media e as emissoras Globo, Record e SBT. O embate surge devido à tentativa de alterações no formato atual de medição da audiência, que tem sido alvo de críticas, porém mantido pelos canais.
A avaliação das métricas de medição de audiência é fundamental para os canais e anunciantes, pois influencia diretamente as decisões de investimento em publicidade e programação. Nesse cenário de constante evolução nos meios de comunicação, a busca por uma medição precisa e confiável é um desafio essencial para a indústria televisiva.
Desafios na Medição de Audiência
Especialistas no assunto fazem duras críticas à metodologia de medição atualmente utilizada, considerando-a imprecisa, defasada e falha. O sistema vigente tem sido alvo de questionamentos por apresentar dados distorcidos ao mercado, muitas vezes inflando a audiência das emissoras. A avaliação da audiência nos dias de hoje leva em consideração diversos parâmetros para estabelecer o alcance de um canal.
Considera-se, por exemplo, que cada aparelho de televisão é assistido por cerca de três espectadores. No entanto, essa métrica está sendo considerada ultrapassada por muitos no meio, especialmente diante das constantes mudanças tecnológicas que vêm transformando o setor. A prática de reunir a família em frente à TV como no passado já não reflete a realidade atual, em que os streamings e os celulares se tornaram os principais canais de acesso a conteúdos audiovisuais.
Uma ilusão persiste em acreditar que todos os membros de uma família assistam o tempo todo ao mesmo programa. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – Tecnologia da Informação e Comunicação (Pnad TIC) de 2022 indicam que 160,4 milhões de brasileiros possuem telefone celular para uso pessoal, número que segue em constante crescimento.
Atualmente, o IBOPE adota o critério de considerar apenas 3 minutos de um programa assistidos, independentemente da sua duração, para incluir o espectador na medição da audiência. Essa abordagem tem sido alvo de críticas de empresas e especialistas do ramo, pois parece pouco sensata considerar que alguém tenha assistido integralmente a um programa apenas durante um intervalo comercial.
Disputas na Medição de Audiência
A saída de Melissa Vogel do Kantar IBOPE foi vista como mais um capítulo na resistência das televisões em aceitar um novo modelo de medição de audiência, que incluiria também dados dos meios digitais. Em meio a essa transição, Adriana e Márcio assumem a responsabilidade de dar continuidade ao legado da Kantar IBOPE Media.
A controvérsia entre o Kantar IBOPE e as emissoras de televisão também foi evidenciada em uma carta aberta da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert). A entidade criticou a proposta de adoção de uma nova metodologia de medição, argumentando que é essencial que o mercado publicitário brasileiro debata alternativas para integrar métricas de audiência de maneira eficiente.
A necessidade de evoluir na forma como a audiência é medida é evidente, considerando o impacto das mudanças no modelo de consumo de conteúdo e a transição para plataformas digitais. É fundamental estabelecer um sistema de medição que reflita com maior precisão os hábitos de consumo de mídia da população, garantindo uma base sólida para a tomada de decisões no mercado publicitário e de comunicação.
Fonte: @ Metropoles
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