Uma Pasárgada onde as finanças deixam de ser uma preocupação, um conjunto vazio, sem dificuldades financeiras, angústias e aprendizados juvenis que influenciam decisões diárias.
Quando penso em Pasárgada, lembro-me da minha experiência com a literatura brasileira na escola. Embora eu tenha tido a oportunidade de ler os clássicos, não posso deixar de questionar se isso realmente foi benéfico para mim na época. A falta de repertório e a imaturidade quase me afastaram desse tipo de leitura, criando um ranço que demorou a ser superado. Foi apenas quando reli Dom Casmurro anos depois, já adulto, que pude verdadeiramente apreciar a genialidade de Machado de Assis.
Agora, ao refletir sobre essa experiência, percebo que a literatura pode ser um santuário para aqueles que buscam entender melhor a si mesmos e ao mundo ao seu redor. Pasárgada, com sua beleza e complexidade, pode ser um paraíso para os leitores que estão dispostos a se aventurar em suas páginas. No entanto, é importante lembrar que a literatura não é uma utopia, onde tudo é perfeito e fácil de entender. Ela é um reflexo da vida real, com suas complexidades e desafios. E é justamente essa complexidade que torna a literatura tão rica e gratificante. A leitura é um processo de crescimento e descoberta que pode mudar nossa perspectiva e nos ajudar a entender melhor o mundo em que vivemos.
Encontrando a Pasárgada: Um Refúgio Financeiro
Aos 40 anos, finalmente entendi quem era Machado de Assis. Aos 15 anos, eu pensava que seus livros eram incompreensíveis, mas hoje eu os vejo como verdadeiras obras-primas. Recentemente, escrevi sobre os aprendizados financeiros de Dom Casmurro e agora quero compartilhar meus pensamentos sobre um poema de Manuel Bandeira, ‘Vou-me embora pra Pasárgada’. Esse poema é um dos meus favoritos e costumava recitá-lo ironicamente quando enfrentava discussões com meus antigos chefes, que se achavam os donos do mundo. Mas também o recitava quando estava em lugares paradisíacos, longe das angústias da vida cotidiana.
Esse poema é democrático o suficiente para se aplicar a diversas situações da vida, incluindo a vida financeira. Se você já leu esse poema, talvez tenha se encantado com a promessa de um lugar onde tudo é possível. Agora imagine um lugar chamado ‘Pasárgada’ onde as finanças deixam de ser uma preocupação em nossas vidas, passando a ser um conjunto vazio. Essa é a nossa Pasárgada, um verdadeiro paraíso financeiro.
Superando as Dificuldades Financeiras
Na maioria das vezes, nos deparamos com decisões financeiras diárias que parecem sem solução. Como se o caminho para a Pasárgada estivesse cheio de obstáculos, construídos pelas nossas próprias escolhas de consumo. Mas chegando lá, a coisa mudaria. Seríamos donos das nossas decisões e teríamos um comportamento financeiro regido por decisões bem pensadas e de nenhum modo seriam inconsequentes. Quando estivéssemos mais tristes, não iríamos correr para o shopping mais próximo e gastar com qualquer coisa o dinheiro que não temos.
A angústia financeira real para muitos de nós não teria chances nessa nossa Pasárgada. Por lá, as dívidas, a falta de planejamento, a sensação de que nunca sobra nada no fim do mês acabariam, pois lá teria tudo. Seria outra civilização. Nessa nossa Pasárgada, a disciplina, o conhecimento e a consciência de que somos donos da nossa própria jornada financeira seriam realidade cotidiana. Nossa relação com o dinheiro se tornaria motivo de liberdade e não o contrário.
Vivendo a Utopia Financeira
Assim poderíamos, sem medo, subir no pau-de-sebo, deitar à beira rio, fazer ginástica sem pagar muito por isso e andar de bicicleta sem medo de ter o celular roubado. Daria para tomar banho de mar pagando o mesmo preço na baixa e na alta temporada. E quando estivéssemos cansados, poderíamos deitar-nos à beira do rio, chamar a mãe-d’água pra contar uma história e relaxar. Pois lá nós não seríamos apenas amigos do rei. Seriamos sim os próprios reis, vivendo em um verdadeiro santuário financeiro.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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