Trabalho inovador estimula sinalização e divisão das células tumorais, revertendo seu comportamento para saudável. Testes em pacientes previstos nos Países Baixos em 2024.
Uma combinação de duas drogas foi capaz de suprimir cânceres de uma forma não convencional. Em vez de inibir a divisão das células tumorais, como fazem os medicamentos mais conhecidos, a estratégia consiste em superativar a sinalização dessas células a ponto de ficarem estressadas. Outra droga, então, ataca justamente essas que estão sob estresse.
Esse tratamento inovador está sendo considerado um marco no estudo do câncer. A abordagem diferenciada de atacar as células cancerígenas através do estresse pode abrir novos caminhos para futuros tratamentos. O avanço nessa área é essencial para combater o câncer de forma mais eficaz e menos invasiva. células cancerígenas através
Estudo revela nova estratégia no tratamento do câncer de intestino
Uma abordagem inovadora está prestes a ser testada em pacientes com tumores intestinais nos Países Baixos, conforme publicado recentemente na revista Cancer Discovery. O trabalho tem como principal autor o renomado pesquisador brasileiro Matheus Henrique Dias, que atualmente atua como pós-doutorando sênior no Instituto do Câncer dos Países Baixos (NKI).
O projeto teve início durante o período de pós-doutorado de Dias no Instituto Butantan, com uma passagem pela Universidade de Liverpool, no Reino Unido. A pesquisa foi realizada no Centro de Toxinas, Resposta-Imune e Sinalização Celular (CeTICs), um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) apoiado pela FAPESP.
Durante o estudo, foi descoberto que o fator de crescimento de fibroblastos 2 (FGF2), conhecido por estimular a proliferação celular, na verdade inibia a multiplicação das células tumorais. Essa observação intrigante foi publicada na revista Molecular Oncology em um estudo anterior.
Os pesquisadores agora demonstram que as células cancerígenas diminuem sua taxa de proliferação não devido à inibição direta por drogas convencionais de quimioterapia, mas sim devido à superativação da sinalização das células tumorais. Isso as torna sensíveis a outras drogas específicas para células nesse estado.
Marcelo Santos da Silva, coautor do estudo e professor do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (IQ-USP), desenvolveu um método para quantificar o estresse das células tumorais. Ele explica que, quando as células tumorais são superativadas, replicam o DNA em uma velocidade anormal, resultando em danos no DNA, conhecido como estresse replicativo.
A estratégia proposta por Dias envolve o uso da LB-100, atualmente em fase de testes clínicos em tumores de pulmão, para tornar as células tumorais sensíveis a outras drogas quimioterápicas. Essa abordagem de duplo ataque visa induzir o estresse nas células tumorais, tornando-as mais suscetíveis ao tratamento.
A pesquisa promete abrir novos caminhos no tratamento do câncer de intestino e potencialmente em outras formas da doença, oferecendo uma perspectiva inovadora para o combate a essa condição devastadora.
Fonte: © CNN Brasil
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