Alta incidência viral, poucos casos notificados em tratamento pela equipe de saúde da Fiocruz.
Preocupa as autoridades de saúde e os pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) a incidência de casos de hepatite Delta entre os ribeirinhos no Amazonas. Essa doença, que pode se manifestar de forma silenciosa, é considerada o tipo mais agressivo das hepatites virais, podendo levar a complicações graves como cirrose, câncer hepático e até mesmo óbito devido às suas características peculiares.
A presença do vírus Delta nessa região amazônica tem gerado preocupação, pois a infecção Delta pode se manifestar de maneira devastadora, impactando diretamente a saúde da população local. É fundamental intensificar as ações de prevenção e conscientização sobre a hepatite D para combater a propagação desse vírus e proteger a comunidade ribeirinha da região do Amazonas.
Equipe de Pesquisadores Investigam a Hepatite Delta na Região Amazônica
Apesar da incidência elevada, há poucos pacientes em tratamento, conforme relatado pela Fiocruz. Desde o mês passado, uma equipe de pesquisadores do Laboratório de Virologia Molecular da Fiocruz Rondônia e profissionais de saúde de Lábrea (AM) têm estado atentos às comunidades ribeirinhas no sul do Amazonas. De acordo com o Centro de Testagem Rápida e Aconselhamento (CTA) da Secretaria Municipal de Saúde de Lábrea (AM), cerca de 1,4 mil casos notificados da doença foram registrados na cidade, porém somente 140 pacientes estão sob acompanhamento.
Em Lábrea, a equipe da Fiocruz, juntamente com profissionais de saúde, percorreu as comunidades ribeirinhas de Várzea Grande e Acimã, situadas às margens do Rio Purus. Durante dois dias, foram realizados testes rápidos e exames laboratoriais, com foco especial no diagnóstico e rastreamento das hepatites virais, especialmente a hepatite Delta. Dos 113 moradores atendidos nessas comunidades, 16 foram diagnosticados com a hepatite.
Os pesquisadores elaboraram um método molecular para quantificar a carga viral em indivíduos portadores da hepatite Delta. As amostras são enviadas para a Fiocruz Rondônia, onde passam por processamento e avaliação. Os pacientes com diagnóstico positivo recebem assistência da equipe de saúde de Lábrea e do Ambulatório de Hepatites Virais, que auxilia no tratamento clínico.
Segundo o último Boletim Epidemiológico sobre Hepatites Virais, divulgado em 2023 pela Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, foram diagnosticados no Brasil 4.393 casos de hepatite Delta entre 2000 e 2022. A região Norte registrou a maior incidência, com 73,1% dos casos, seguida pelas regiões Sudeste (11,1%), Sul (6,6%), Nordeste (5,9%) e Centro-Oeste (3,3%). Em 2022, foram confirmados 108 novos casos, sendo 56 (51,9%) na região Norte e 23 (21,3%) no Sudeste.
Impacto da Hepatite Delta e Medidas Preventivas
A hepatite Delta pode ser assintomática inicialmente, mas está associada a um aumento no número de casos de cirrose, inclusive em um curto período após a infecção, podendo resultar em complicações graves, como câncer e até mesmo óbito. Os sintomas mais comuns incluem fadiga, tontura, náuseas, vômitos, febre, dor abdominal, icterícia, urina escura e fezes claras.
Conforme o Ministério da Saúde, a vacinação contra hepatite B é a principal forma de prevenção. A transmissão da doença pode ocorrer por meio de relações sexuais desprotegidas com uma pessoa infectada, de mãe para filho durante a gestação e parto, pelo compartilhamento de material para uso de drogas, como seringas e agulhas, e também por meio do compartilhamento de objetos pessoais, como lâminas de barbear, escovas de dente e alicates de unha.
É fundamental seguir medidas de biossegurança em procedimentos como tatuagens, piercings, intervenções odontológicas e cirúrgicas para prevenir a propagação da hepatite Delta. A conscientização sobre as formas de contágio é essencial para evitar a disseminação da doença e proteger a saúde pública.
Fonte: @ Agencia Brasil
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