Saldo do Dia: O clima de tensão no exterior se intensificou com indicadores americanos abaixo do esperado, sinalizando uma possível recessão.
O relatório crucial do Banco Central dos Estados Unidos, conhecido como payroll, revelou uma criação de vagas que ficou aquém das expectativas do mercado. Essa divulgação gerou um clima de apreensão entre os investidores, que rapidamente começaram a disseminar pressão de venda globalmente. O desempenho do Ibovespa também sentiu os efeitos dessa notícia, refletindo a incerteza que permeia o mercado de ações. O desempenho do Ibovespa é um termômetro importante para entender a reação dos investidores diante de dados econômicos, e este episódio reforça a necessidade de atenção constante às informações que impactam o índice. A volatilidade pode trazer oportunidades, mas também riscos significativos.
Desaceleração Econômica e o Ibovespa
Recentemente, observou-se uma pressão crescente no mercado, culminando em um movimento significativo que impactou o Ibovespa, que despencou 1,41%, alcançando 134.572 pontos. Essa queda foi apenas a gota d’água após uma série de dados que indicam uma desaceleração mais acentuada do que o ideal para um ‘pouso suave’. No acumulado da primeira semana de setembro, o índice registrou um recuo de 1,05%. No entanto, no contexto do ano, o Ibovespa ainda conseguiu se manter ligeiramente positivo, com uma alta de 0,29%. O volume financeiro registrado na sexta-feira foi considerado baixo, totalizando apenas R$ 13,4 bilhões, em comparação aos R$ 16,6 bilhões da média diária dos últimos 12 meses.
Expectativas do Mercado e o Ciclo de Juros
O mercado estava esperançoso de que o ciclo de corte de juros pudesse ser reiniciado antes que a economia começasse a se deteriorar, resultado de um longo período com taxas elevadas. Esse fenômeno é conhecido como ‘pouso suave’. Contudo, após uma semana repleta de indicadores que apontavam para uma atividade econômica mais fraca do que o esperado, o mercado de ações enfrentou um colapso. Em mercados europeus e nas bolsas de Nova York, a possibilidade de uma recessão voltou a preocupar os investidores, levando-os a evitar ativos de risco, como ações e mercados emergentes. A criação de apenas 142 mil empregos, quando a expectativa era de 160 mil, gerou desânimo logo no início das negociações.
Relatórios de Emprego e Desemprego
Apesar das notícias desanimadoras, alguns dados contidos no relatório não foram tão negativos. A taxa de desemprego caiu para 4,2%, abaixo dos 4,3% do mês anterior, alinhando-se às previsões dos analistas. Além disso, alguns setores apresentaram melhora na renda mensal. ‘Apesar da pressão observada nos mercados na sexta-feira, os números do relatório de emprego dos EUA não sinalizam fraqueza significativa na economia ou no mercado de trabalho. A volatilidade parece refletir mais a incerteza sobre o ritmo dos cortes de juros do que uma deterioração nos fundamentos econômicos’, analisa Christian Iarussi, especialista em mercado de capitais e sócio da The Hill Capital.
Dados Adicionais e Expectativas Futuras
Na quarta-feira, o relatório ‘Job Openings and Labor Turnover Survey’ (Jolts), divulgado pelo Departamento do Trabalho, revelou que o número de vagas abertas em julho ficou abaixo das expectativas, sendo o menor em três anos. Além disso, o Livro Bege, que oferece um panorama da economia americana, trouxe mais indícios de esfriamento na atividade econômica. Embora a maioria ainda preveja uma redução de apenas 0,25 ponto percentual nas taxas americanas na próxima reunião do Federal Reserve, ganhou força a expectativa de que as autoridades possam adotar uma postura mais agressiva, cortando 0,50. Se o cenário esperado pelo mercado se concretizar, com a queda de juros nos Estados Unidos e a alta da Selic no Brasil, o dólar deve perder força em relação ao real, uma vez que a renda fixa brasileira se tornaria mais atrativa.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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