Médico de acusado, em Guarujá (SP), com boa condição socioeconômica e indícios de vínculo com Primeiro Comando da Capital. Detido com 62,3kg de cocaína em casa. Privilegiada condição financeira, pagou processuais. Linkado à PCC.
A ocupação de médico de um réu que foi pego com 62,3 quilos de cocaína em sua residência, em Guarujá (SP), sua situação socioeconômica favorável e os sinais de conexão com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) foram ressaltados pelo magistrado que o sentenciou por tráfico para elevar a sua sentença inicial em três quartos, estabelecendo-a em oito anos e nove meses de prisão.
No segundo parágrafo, mesmo sendo médico de formação, foi evidenciado que o réu não estava exercendo a profissão no momento da prisão. Além disso, o doutor responsável pelo caso destacou que sua educação universitária não o exime de ser punido conforme a lei. Médico é uma profissão respeitada, mas não acima da justiça.
Acusação de tráfico envolve médico de alta condição socioeconômica
Não se pode ignorar que o réu, como médico de formação, envolvido em uma profissão de prestígio e remunerada, surpreendeu ao se envolver em atividades criminosas. O juiz Thomaz Correa Farqui, da 2ª Vara Criminal de Guarujá, destacou que, apesar de sua formação universitária e emprego bem remunerado, o réu agiu movido por uma ganância desenfreada ao se envolver com a venda de drogas e com o Primeiro Comando da Capital (PCC), a maior organização criminosa do país. Mesmo residindo em um condomínio de alto padrão, demonstrou uma total falta de senso de responsabilidade e temor, conforme apontou o magistrado.
O réu foi condenado ao pagamento de 875 dias-multa, totalizando R$ 6.177.550,00. Além disso, o juiz determinou que ele arcasse com as despesas processuais. A quantidade de droga apreendida, avaliada em mais de R$ 7,5 milhões, seria suficiente para abastecer pontos de tráfico em toda a Baixada Santista.
Imóvel de médico de luxo abrigava grande quantidade de drogas
Os 62,3 quilos de cocaína foram encontrados na residência do médico, localizada no Condomínio Acapulco, na Praia de Pernambuco, no dia 7 de outubro de 2021. A descoberta foi resultado de um mandado de busca e apreensão emitido após suspeitas de que a casa estava sendo utilizada para armazenar drogas pelo PCC.
Embora o réu tenha afirmado que não era o proprietário da substância ilícita e que desconhecia sua presença, a justificativa de ter hospedado um amigo e um conhecido deste em sua casa levantou indícios questionáveis. O suposto motivo de abrigar essas pessoas era supervisionar a construção de uma residência vizinha, o que o magistrado considerou uma narrativa inverossímil, dada a condição financeira privilegiada e a boa reputação profissional do médico.
Contradições levam à prisão do médico por homicídio qualificado
Apesar de sua condição de réu primário, a omissão de informações relevantes durante o processo e as contradições em suas alegações finais contribuíram para aumentar as suspeitas sobre sua conduta. Além da ação penal por tráfico de drogas, o médico responde a um processo por homicídio qualificado.
O Ministério Público alega que, durante seu plantão no Hospital Santo Amaro, em Guarujá, o médico permitiu a entrada de dois homens armados no local. Essa atitude resultou em um crime de homicídio qualificado, demonstrando um comportamento incompatível com a conduta ética esperada de um profissional da área médica.
Fonte: © Conjur
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