A 10ª edição do ato é um grito de resistência e reivindicação coletiva contra o racismo, pelo bem viver das trabalhadoras domésticas.
Aos 92 anos, a ex-empregada doméstica Nair Jane de Castro Lima enfrentou o sol de inverno neste domingo (28) na orla de Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro, para participar da 10ª edição da Marcha das Mulheres Negras no estado.
Na presença de centenas de mulheres negras e apoiadores, Nair Jane de Castro Lima demonstrou sua força e resistência, representando a luta e a voz das mulheres negras na sociedade. A participação ativa das mulheres negras em eventos como a Marcha das Mulheres Negras é essencial para promover a igualdade e combater o racismo estrutural que afeta as comunidades afrodescendentes.
Mulheres Negras: Lutadoras e Defensoras dos Direitos
‘Ela, que foi líder sindical e defensora dos direitos dos trabalhadores domésticos, enxerga na participação dela no ato uma mistura de resistência e exemplo para novas gerações. A ex-funcionária, empregada doméstica, líder sindical, Nair Jane de Castro, destaca a importância da reivindicação coletiva na luta pelos direitos das mulheres negras.
Rio de Janeiro (RJ), 28/07/2024 – Nair Jane de Castro participa da 10ª Marcha das Mulheres Negras do RJ – Tânia Rêgo/Agência Brasil ‘É resistência na luta dos direitos do negro, da luta que todos nós buscamos, da igualdade que não temos. Os jovens têm que aprender a caminhar, ter coragem’, disse à Agência Brasil. A manifestação teve o condão de unir gerações.
A poucas dezenas de metros da ativista de 92 anos, participavam da marcha pais e responsáveis com crianças e adolescentes. Uma delas era Luciane Costa, acompanhada das netas, Manuela, de apenas três anos e Mirela, de seis. Mulheres negras como Nair Jane de Castro e Luciane Costa são exemplos de resistência e força para as futuras gerações.
Para a avó, é importante que as duas crianças, desde cedo, frequentem ambientes de reivindicação coletiva contra o racismo e pelo bem viver. ‘Para que elas cresçam sabendo que a nossa existência é importante para o mundo mais justo, igualitário, que nós, mulheres, somos o útero desse mundo e precisamos ser respeitadas’, explicou.
A marcha organizada pelo Fórum Estadual de Mulheres Negras reuniu milhares de pessoas e fecha a semana de mobilização pelo Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, celebrado em 25 de julho, além do Julho das Pretas, agenda coletiva de manifestações e celebrações ao longo do mês.
Uma das organizadoras, Clatia Vieira assinala que a caminhada representa mulheres negras de favelas, terreiros, comunidades e periferias, de 52 dos 92 municípios do Rio de Janeiro. ‘Estamos marchando também por moradia, por uma educação pensada por nós e por uma vida sem violência para as mulheres negras’, lista a organizadora.
‘O racismo faz mal para toda a sociedade, o racismo mata, o racismo adoece. Quando a gente respeita as mulheres negras, a gente está respeitando toda uma sociedade’, declara. Racismo estrutural Rio de Janeiro (RJ), 28/07/2024 – 10ª Marcha das Mulheres Negras do RJ. Mulheres negras marcham contra o racismo e pelo bem viver, na praia de Copacabana.- Tânia Rêgo/Agência Brasil Estatísticas provam que mulheres negras enfrentam desafios mais pesados que outros segmentos da sociedade brasileira. Na economia são principais vítimas do desemprego.
Em 2023, as mulheres negras de 18 a 29 anos tiveram uma taxa de desemprego três vezes maior que a dos homens brancos no Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) analisados pela organização Ação Educativa. Além disso, a juventude feminina negra tem uma renda 47% menor que a da média nacional.
No âmbito da segurança, o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado no último dia 18, revela que 63,6% das vítimas de feminicídio foram mulheres negras em 2023. No ano anterior eram 61,1%. Em relação à violência sexual, entre 2012 e 2023, também de acordo com o Anuário, a proporção de mulheres negras vítimas saltou de 56,4% para 63,2%.
Contra impunidade e PL 1904 Clatia Vieira conta que o ato é um ato de resistência e luta contra a impunidade e pelo reconhecimento dos direitos das mulheres negras. A participação ativa das mulheres afrodescendentes é fundamental para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. As mulheres negras são protagonistas na resistência e na reivindicação por seus direitos, mostrando a força e a determinação das lutadoras que não se calam diante das injustiças.
Fonte: @ Agencia Brasil
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