Desprezo e insatisfação dirigidos a nós mesmas são comuns no mundo do entretenimento, onde padrões de beleza e a indústria do showbiz influenciam a autonomia feminina, até mesmo em programas de ginástica.
A atriz Demi Moore, conhecida por sua aparência jovial e radiante, revelou em entrevista ao New York Times, no podcast The Interview, que a possibilidade de envelhecer e perder a beleza que a tornou famosa a atormenta. Ela questiona se vale a pena trocar a sabedoria adquirida ao longo dos anos por uma aparência mais jovem e atraente.
Em seu novo filme, A Substância (2024), Demi Moore explora a ideia de manter a juventude e a beleza a qualquer custo. A personagem que ela interpreta faz um experimento arriscado para continuar jovem e vibrante, questionando se a jovialidade é mais importante do que a sabedoria e a experiência. A busca pela eterna juventude é um tema recorrente na sociedade atual.
A Busca Pela Aparência Perfeita
O filme dirigido pela francesa Coralie Fargeat é um misto de terror e ficção científica que explora a obsessão pela aparência jovial e bela. A atriz Demi Moore, conhecida por seus papéis em Ghost, Striptease e Proposta Indecente, interpreta Elisabeth Sparkle, uma estrela de um programa de ginástica na TV. No entanto, ao completar 50 anos, Elisabeth descobre que sua carreira glamourosa no mundo do entretenimento está próxima do fim. Um executivo do ramo, vivido por Dennis Quaid, deixa claro que, aos 50 anos, a carreira de uma mulher está ‘acabada’.
A personagem de Demi Moore é atormentada pela possibilidade de envelhecer e sumir de cena, e decide fazer um experimento aplicando um líquido verde chamado ‘Activador’. A promessa é que essa substância possa gerar uma versão melhor, mais jovem e mais bela, com todos os predicados associados à juventude. Isso levanta a pergunta: até onde iríamos para perseguir uma aparência mais jovem, nos torturando, como se estivéssemos numa guerra permanente com a nossa própria imagem?
A Luta Contra os Padrões de Beleza
A narrativa do filme é deliberadamente exagerada, mas carrega nas tintas para jogar luz sobre o tema de como mulheres podem abrir mão de sua autonomia para ficarem reféns de padrões de beleza inalcançáveis. Esses padrões são uma ferramenta de controle permanente que perpetua a ideia de que só seremos relevantes enquanto tivermos uma aparência jovial. Depois disso, a invisibilidade nos espera. No entanto, atualmente estamos acordando para a realidade e percebendo que não existe possibilidade de ser plenamente feliz com doses tão grandes de autodesprezo e insatisfação dirigidas a nós mesmas.
O termo etarismo e seus efeitos maléficos têm se tornado muito mais populares em conversas e publicações na mídia. Há um debate muito maior sobre o assunto do que uma década atrás. Até a própria indústria do showbiz, da qual Demi Moore é um emblema por ter se sujeitado a abusos em nome da aparência, parece estar no caminho de abraçar uma diversidade maior.
A Celebração da Maturidade
Na cerimônia do Emmy, que aconteceu em setembro e premiou os melhores da TV e do streaming, a maioria das vencedoras eram mulheres com mais de 50 anos. Jean Smart da série Hacks (73 anos), Jodie Foster de True Detective (61 anos) e Liza Colón-Zayas, a Tina de O Urso (52 anos), são atrizes majestosas e que arrancaram aplausos acalorados da platéia ao terem seus nomes anunciados. Suas belas atuações são resultado de décadas de experiência e maturidade. O brilho de suas performances têm ligação direta com a maturidade que atingiram, e não com a busca pela aparência jovial e bela.
Fonte: @ Nos
Comentários sobre este artigo