No Brasil, El Niño aumenta chuvas no Sul, enquanto La Niña reduz, ext. forte, sistemas trop-polares alteram clima. Exacerba fenômenos: tempestades severas, frentes frias intensas, ciclones explosivos, ressacas mais extensas.
Acometido por duas enchentes catastróficas em apenas meio ano, após ter enfrentado quase três anos de falta de chuvas implacável, o Rio Grande do Sul se tornou o caso típico do impacto que as mudanças climáticas podem exercer sobre eventos que já eram considerados extremos, porém, que vêm adquirindo dimensões cada vez mais alarmantes em um planeta que não consegue conter o avanço da temperatura global, afirmam especialistas. Recentemente, o estado foi cenário de uma convergência infeliz, segundo os cientistas.
As alterações climáticas estão se manifestando de maneira significativa em diversas regiões do mundo, como no exemplo do Rio Grande do Sul, onde as consequências desses fenômenos extremos se tornam cada vez mais evidentes. É crucial promover medidas de adaptação e mitigação para lidar com esses desafios emergentes. A conscientização e a ação são fundamentais para enfrentar os impactos das mudanças climáticas e proteger o meio ambiente para as futuras gerações.
Mudanças Climáticas: Desafios e Impactos no Clima Brasileiro
De um lado, um El Niño extremamente forte, com todos os oceanos mais quentes, não apenas o Pacífico, como é comum no fenômeno, e uma onda de calor no Sudeste e no Centro-Oeste, que aumentou a umidade no ar e favoreceu a chegada de um ar quente e úmido ao Sul do Brasil. Do outro lado, vinda da Antártida, uma frente fria com chuva e vendaval, mas sem força para empurrar o ar quente. Junto a isso, com o El Niño, as frentes andam de leste para oeste, em vez de sul para norte, o que faz com que chova mais tempo em um só lugar, explica o pesquisador Marcelo Schneider, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
Impactos das Alterações Climáticas nas Regiões Polares e Tropicais
A combinação de fatores, no entanto, não é totalmente fora do comum, mas sim sua intensidade. Cientistas explicam que o Rio Grande do Sul sempre foi o ponto de encontro de sistemas tropicais e sistemas polares, o que criava um padrão que inclui períodos de chuvas intensas e outros de seca. A exacerbação dos fenômenos causados pelas mudanças climáticas, no entanto, aumenta o choque desses sistemas, piora fenômenos com El Niño e La Niña, e deixa o clima imprevisível.
‘A mudança climática tem mais impacto do que o El Niño sozinho. Essas características típicas do RS estão se acentuando com a mudança do clima. A rivalidade entre o trópico aquecido e úmido e a Região Sul em direção à Antártida tem favorecido as tempestades severas, as frente frias intensas, os ciclones explosivos, as ressacas mais extensas’, explica o pesquisador Francisco Aquino, chefe do centro polar e climático da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
O Impacto das Mudanças Climáticas na Economia e no Ambiente Brasileiro
No Brasil, o El Niño provoca maiores volumes de chuvas no Sul, enquanto a La Niña diminui os volumes pluviométricos na região. Até a metade de 2023, o estado enfrentava uma estiagem histórica, fruto de um período longo de La Niña, que durou por mais de dois anos, com pouquíssimos períodos de chuva. O governo federal chegou a estudar a implantação de um sistema de cisternas em algumas regiões, da mesma forma que fez no Nordeste. Foram três anos seguidos de quebras de safra agrícola no estado pela seca, com impacto direto no Produto Interno Bruto (PIB).
De uma participação de 6,53% no PIB do país em 2019, para 5,90% em 2023, de acordo com dados do Departamento de Economia e Estatística do governo gaúcho. Em setembro do ano passado, já sob efeito do El Niño, o estado ficou debaixo d’água devido à passagem de um ciclone extratropical, em uma inundação que já era considerada histórica, com mais de 50 mortes registradas. Agora, apenas seis meses depois, novas enchentes quebraram novamente os recordes.
Nesse momento, quase metade dos afetados pela enchente anterior ainda estava em abrigos improvisados, sem contar a nova leva de desabrigados. As mudanças climáticas têm sido implacáveis, exacerbando os extremos e desafiando as estruturas ambientais e econômicas estabelecidas. O enfrentamento e a adaptação a essas realidades extremas se tornam urgentes e cruciais para a sustentabilidade e o bem-estar das comunidades afetadas pelas alterações climáticas.
Fonte: @ CNN Brasil
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